Por incrível que pareça, mesmo com as altas temperaturas do verão ainda é tempo de tomar bons vinhos. Nessa estação, recomenda-se o consumo de vinhos brancos e espumantes, mas é sempre bom tomar algumas precauções para que a bebida não se aqueça com o calor.
Um vinho aquecido tem um aroma muito acentuado e alguns elementos de sua degustação acabam ficando perdidos. Entretanto, cada rótulo reage diferentemente às temperaturas elevadas: o vinho branco, por exemplo, deve ser apreciado com uma temperatura mais baixa, para moderar sua acidez. Mas, cuidado: não sirva-o muito gelado, senão os aromas ficam inibidos.
Para resfriar o vinho, o ideal é colocar a garrafa em um recipiente (como um balde) com pedras de gelo, água gelada e sal grosso, para acelerar o resfriamento. Em hipótese alguma deve-se colocar pedras de gelo diretamente no vinho, senão o líquido pode diluir, afetando o sabor da bebida.
Colocar a garrafa em um congelador por um curto período de tempo também é inadequado, já que o resfriamento brusco afeta o aroma e o sabor, fazendo com que o vinho aumente o volume de líquido e venha a sofrer o risco de ter a garrafa rachada.
O vinho branco deve ser consumido em uma temperatura média de 4° a 6°C. Nessas temperaturas, a bebida combina com as estações mais quentes devido à ótima acidez e um menor teor alcoólico em relação aos outros vinhos.
Além do vinho branco, esta época do ano também é propícia para os espumantes e rosados, já que são mais leves, refrescantes e podem ser servidos em temperaturas mais baixas.
Muito embora a queda do Império tenha desestruturado a cultura do vinho na Itália, ela jamais foi abandonada por completo. Com o alvorecer da Revolução Industrial, a partir do final do século XIX, a vinicultura da Itália passou a desenvolver novas técnicas, desenvolvendo suas castas locais e firmando sua identidade e reputação como dona de alguns dos melhores rótulos do planeta.
Sendo atualmente o maior exportador de vinhos mundial e o segundo país em maior produção, a Itália conta com uma diversidade de rótulos suficiente para entreter um grande apreciador por toda uma vida. São cerca de 18.000 nomes, quer produzidos por grandes ou pequenas vinícolas, cujas vinhas podem se originar tanto de terras nobres ou camponesas; praticamente não há lugar na Itália onde pelo menos uma plantação de videiras não possa ser encontrada.
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Praticamente todas as regões da Itália produzem vinho.
As principais regiões produtoras se dividem, em linhas gerais, em Norte, Centro e Sul. No norte, encontramos a região de Piemonte, com seus vinhos Barolo e Barbaresco, além de inúmeras vinhas dedicadas a produção de espumantes, vinhos tintos e em maior escala, vinhos brancos. A região central concentra a lendária Toscana e seu arredores, ainda hoje na linha de frente entre os vinhos de primeira grandeza italianos. Nas ilhas do sul, as já mencionadas Sicilia e Sardenha, mantendo viva a tradição mediterrânea de vinhos tintos mais potentes e alcoólicos, e também a de especialidades, como o fortificado Marsala.
Em cada uma das grandes regiões, inúmeras micro-regiões produzem seus vinhos a todo o vapor, protegendo seus nomes e marcas sob legislações de qualidade, necessárias em vista da quantidade enorme de produtores do país, que provavelmente alcança a casa dos milhões.
“Vino di Tavola” é como é chamado o vinho de mesa comum,
italiano. Outras denominações, tais como a IGT, DOC e DOCG, trazem vinhos de qualidades mais controladas, mediante legislação dos órgãos vinícolas.
Durante as décadas de 1980 e 1990, a Itália concentrou grande parte de suas energias na valorização das produções de Cabernet Sauvignon e Chardonnay, mas retorna agora ao passado, redescobrindo e explorando as possibilidades de uvas locais e autóctones, tais como a Barbera, a antiga Malvasia, a Montepulciano e a Nebiolo.
A influência externa, trazida dos vizinhos franceses e também de outras regiões produtoras da Europa e do mundo continua, entretanto, a se fazer presente nas produções atuais, que ao do contrário do que se pode pensar, se configuram numa transformação positiva dos vinhos italianos, misturando as tradições antigas com a modernidade, na elaboração de uma identidade própria, cada vez mais características das terras prediletas de Baco.
A história dos vinhos na Itália remonta da Pré História; sementes de uvas e sedimentos de vinho foram encontrados em sítios arqueológicos datados de 1.200 a.C. Suas ilhas do sul e terras do norte, que na antiguidade clássica receberam visitas de tribos bárbaras e mercadores de todas as partes da Europa e África, absorveram influências culturais de cada um destes povos, mas são, sem dúvida, os romanos que arraigaram o valor do vinho no subconsciente coletivo do país.
Disse o poeta romano Horácio que “poema algum jamais foi escrito por um bebedor de água”, e, independentemente da verdade contida ou não nesta máxima, ela apenas comprova parte do valor que os romanos atribuíam a bebida, creditando ao vinho, inclusive, a qualidade de um presente dos deuses – mais especificamente um presente de Baco, ao qual festejos e celebrações eram dedicados, sempre regados a muito vinho.
A influência dos romanos sobre a viticultura italiana se inicia com a expansão do Império para a ilhas da Sicilia e Sardenha. Enquanto outras partes do território que, no futuro viria a se transformar na famosa bota, recebiam influências vinícolas de gregos e etruscos, os romanos que se estabeleceram em territórios da Itália desenvolveram muitas das técnicas que são ainda usadas não apenas no país como também ao redor do mundo até os dias de hoje: maturação e envelhecimento, conservação em barris de carvalho e escolha de variedades cultivadas conforme o território em que melhor estas se desenvolviam, são parte do legado deixado pelo Império Romano a Itália, e repassada às demais regiões produtoras de vinho no mundo com o passar dos séculos.
(continua na próxima semana)
A Itália é antiga. Lá a história do vinho se mistura com a história do país e das pessoas. Antes da constituição do mapa tal como conhecemos hoje, diferentes povos que ocuparam a região como os Etruscos ou Gregos, por exemplo, tinham em sua cultura o hábito de produzir e fazer vinhos. Houve uma migração de espécies de videiras, alguns conquistadores trouxeram consigo novas mudas que se adaptaram e estão lá até hoje. Mas havia também diversas espécies locais. Em síntese, os terrenos ou ainda mais amplamente, o terroir da Itália são extremamente favoráveis para a produção de vinhos. Assim como no Brasil é fácil cultivar uma bananeira no quintal, para eles é cultivar uma videira.
Comparando com as nossas proporções territoriais trata-se de um país pequeno. Mas não se engane, mesmo assim é capaz de produzir quantidade e diversidade de vinhos surpreendentes. Isso se deve às latitudes, recortes da terra, proximidade com diferentes mares, influência de rios, clima, altitude, vegetação, história, solo, espécies melhores adaptadas a uma ou outra região e assim vai. Ufa! Muitas variáveis, não é? Na prática, imagine-se agora em frente à uma prateleira de vinhos italianos em uma loja ou em um site procurando por um rótulo para comprar. Por onde começar? Não se desespere. É mais simples do que parece. Veja abaixo algumas dicas:
SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO
Pense sempre em duas variáveis: a hierarquia da classificação e as diferentes regiões onde é aplicada. Vamos lá: Do mais genérico para o mais específico (e normalmente do mais barato para o mais caro).
Vino da Tavola: Vinhos de mesa provenientes de toda a Itália. Muitas pequenas vinícolas ao iniciarem o seu trabalho são classificadas dessa forma. Sendo assim, cuidado para não subestimar alguns rótulos que podem surpreender positvamente.
Indicazione Geografica Tipica (IGT ou IGP): Os rótulos classificados assim são submetidos à algumas regras e controle. Nesses vinhos as informações que nos dão pistas sobre que tipo de líquido está contido na garrafa são: informações sobre a região (IGT Toscana, por exemplo) e safra.
DOC: Vinhos elaborados em regiões com Denominazione di Origine Controllata. Dentro das grandes regiões, existem sub regiões que protegem a personalidade e história de seus vinhos. Sendo assim, as regras são mais restritas. Há um controle das áreas de produção, tipos de uvas utilizadas, rendimento da produção por safra, índices de álcool, práticas de vinificação, tempo de descanso antes do ingresso do produto no mercado, detre outros. Um de muitos exemplos dentro da Toscana é a sub região de Maremma ou os vinhos DOC Maremma.
DOCG: A Denominazione di Origine Controllata e Garantita é o mais alto nível da classificação, cujas normas são ainda mais restritivas. Ainda na Toscana, existem várias DOCG. Algumas muito conhecidas, como DOCG Chianti Clássico, outras muito badaladas como DOCG Brunello di Montalcino e outras ainda não muito divulgadas como DOCG Morellino di Scansano.
Supertoscanos: Alguns produtores na Toscana passaram a elaborar vinhos a partir de castas estrangeiras, como por exemplo Cabernet Sauvignon, Merlot, etc. Mesmo fazendo vinhos DOCG em suas vinícolas, não puderam submeter esses vinhos “free style” dentro da legislação. Sendo assim, apesar de poderem alcançar altos níveis de prestígio e preço, podem ter em seus rótulos a classificação IGT.
Na próxima semana continuaremos com mais dicas na escolha de um bom vinho italiano.
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